Meus amigos andam tão calados
De uns tempos para cá, ensimesmados
Que ando das palavras desconfiado
Como o dono da venda ao ouvir
Fiado!
Os amigos poetas migraram da poesia
Esta ilha que nos acalenta
Seja noite, seja dia.
Aqueles mais enfatiotados, terno e gravata
Não espalham mais o polén das vaidades
Pelos endereços chiques das cidades.
Quem contava piadas, agora resmunga
Quem resmungava, entregou-se à mudez...
Eu é que vivo na corda bamba do medo
Esperando que não chegue a minha vez.
Pois antes de me reduzir ao pó dos tempos
Quero ainda perceber mais do que percebo.
Como neste poema, ou em outros momentos
Em que me grito vivo e portanto escrevo.
Crédito da imagem: https://www.seuamigofarmaceutico.com.br/artigos-e-variedades/a-diferenca-entre-depressao-e-tristeza/266