Sou dentre muitos o mais perdido
A ponto de tantas vezes não saber onde estou...
Ando entre exemplos vestidos de certezas
Escancarando minha desastrada nudez
Achando sozinho que ainda consigo
Na solidão construir minha própria vez.
Mas sou dentre muitos o mais inocente
Que algo espera como criança
No Natal, a sagrada mentira...
E diante de tantos, eis-me doente
Pelas pandemais diárias da indiferença.
Mas sendo tão indefeso, réstia e poeira,
Refaço dia após dia em mim a poesia
E me recuso a crer em testamentais besteiras...
O meu Deus nunca escreveu um só livro
Nem soprou maldades nos ouvidos de profetas...
Eu assim ando rumo à morte, pelo que sigo
Vivo, até que a poesia enfim me alevante...
Pois, se acaso me leres, tu seguirás adiante
Com o que fui e não fui, meu resumo...
E não temerei não estar, no mundo,
Porque viverei nos suspiros dos instantes.
Crédito da imagem: https://www.terra.com.br/economia/por-que-ser-mediano-em-vez-de-excelente-tambem-e-util-no-trabalho,27e6d0a54edee56b8bc19ce124d4a4a0jaiofia2.html