Quebrar paredes
Varar janelas
Insana busca por algo além...
Ontem mudei de estar
Já não restam as velhas fronteiras...
Que besteira!
Não tem a menor importância...
A felicidade e a geografia do estar
O que se faça ou se deixe de fazer
Pois sendo, podemos morrer
Sem que a ambição por espaços
Garanta uma só mais batida
Do que em nós se clinica, coração.
Adianta render fé continuada
Às campânulas romanas
Sagrada arquitetura
Amém?
Eu espero por algo iluminado
Sem carinho ou sem cuidado
Desde que o céu fez-se azul
De vergonha.
Ah! a falácia doce da liberdade
Serpente que nos enrosca em medo...
Que sejamos livres!
Eis o que repetidamente se canta...
Mas, adianta?
Em mim, o peso da consciência cansa
O melhor, parceiros desta infância,
Talvez seja ensaiar a próxima dança.
Texto escrito em 1990.
Crédito da imagem: https://www.ie.com.br/intercambio/abertura-fronteiras/