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Bela, sim. Muito bela. Pernas torneadas, cabelos de negro farto, olhos azuis, lábios cheios. Nome. Tinha nome. Mas valia o apelido. Princesa. Princess. Velha, muito velha, medieval.

Mas da maldição e da transmudação nada dizia. Silêncio sobre os séculos. Só a sedução no olhar, no mexer dos lábios, no estreitar dos braços quentes...

Mas em suas veias a vadiagem da mãe, que se fartava com animais; sexo, fluidos, desejo em gritos e rasgos. Cães, cavalos, e segundo o mago até mesmo aves. Aves? Abutres! - e o riso frouxo e desdentado aprofundava a maldição...

‘Monstrum vel Prodigium... ’.

Na janela, desfraldou as asas negras. Manhã de sol. Nada de fome. Saciada cedo. Sobre a cama, banhada pelo sol, o corpo do homem, o terceiro – quiçá o quarto – naquela semana. Com um impulso se lançou ao vazio, embaixo a cidade, as ruas, as vítimas. No bico escancarado, a engolir ozônio, o sabor quente do fígado tenro do café da manhã... como era mesmo o nome do sujeito?

Quente o fígado, denso o sangue... ‘monstrum vel prodigium...’... mamãe maldita!

Delícia... delícia...


alexandre gazineo
Enviado por alexandre gazineo em 02/10/2007
Alterado em 29/04/2013


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