Necessário que eu complete o ciclo, a despedida
e resignado abandone a lúdica comunhão dos corpos,
bravios e desembestados
cavalos da emoção.
Meu sacrifício será lento e consciente
sem queixas ou lágrimas que chamem atenção
das intrigantes testemunhas que espreitam
pelas janelas da indiscrição.
Algo me acontecerá ao fim desta estação
minha vida, minha história, já não me pertencem
foram todas roubadas, entre simpáticos sorrisos, marmóreos abraços
anos a fio recebidos e nunca traduzidos ao pé da letra
(se os traduzisse restaria a incompreensão...)
Vou fechar os olhos, ensaiar uma patética oração
e enfim lançar-me suicida ao abismo dos meus dias...
levo nesta queda a vertigem das angústias
e como parceira a pálida sombra de um fantasma
alguém a quem dei vida (ah! renovado Zeus)
e poeticamente assassinei.
* Poema escrito em 1989
alexandre gazineo
Enviado por alexandre gazineo em 22/06/2017
Alterado em 04/07/2017