Para minha Cris
Pelas salas, pelas escadas...
teu vulto de deusa imaginada
constrói manhãs, aquece tardes
repousa madrugadas.
Repartida minha vida, é tua a metade
Mais doce e virgem...
Sou teu fruto descoberto, tua mordida célere
Meu corpo anseia pelo que o teu pede.
E da torre mais alta do castelo, vemos o mundo
Saudamos a criação de mãos dadas...
És minha benção, meu pecado leve...
O descanso absoluto da pura prece.
Mas quando me voltas teu olhar ferino,
E o ímpeto do homem em mim grita...
Invado teu segredo, ardiloso menino
E desnudo a fêmea que assim me fita.
Somos então carne
Puro sangue, mesmo coração...
Tua nudez é minha loucura suave
Teu sexo âncora da sagração.
Navegas, assim, pela casa
Descobridora intrépida do meu ser...
Desenhas o mapa do que sou
Me abençoa e me faz viver.