Ando vadeando entre minhas pernas
Meu caminhar arrastado reescreve
Nas pedras das calçadas, a vida breve
Apagada nas cinzas dos cigarros.
Tenho tossido, sentido dores nas costas
E carrego nas mãos a fotografia
Morta
Da época em que o céu riscava cadentes
E quando ainda soprava
Razão
Por entre as gentes.
Ando pensando em raptar-me
Olvidar família, trabalho, lugar
Desaparecer feito nuvem de verão.
Quero libertar-me desta bagagem
Que vem desde muito me encurvando a espinha
Dolorida feito dente malato
Quero escapar deste drama, deste ato
Tornar-me personagem de esquina.
Pois bem o sei, doce menina
Cujo rosto e cheiro não posso antever
Que ainda me aguardas em alguma cidade
Mítica filha de Platão
E serás em mim a explicação
Do que não se explica nem há razão.
alexandre gazineo
Enviado por alexandre gazineo em 03/02/2015
Alterado em 03/02/2015