Na tarde translúcida
Desenhada na janela
Sinto o corpo tremer
Presa do frio dos tempos...
A tarde poderia trazer a benção
Do tempo imóvel...
Do tempo que se recusa a correr
Que não almeja tornar-se noite,
Sequer transformar-se em madrugada...
A tarde podia ser tudo e nada.
,
Tenho medo dos relógios
O tempo me traz vertigens...
Já não durmo, já não sonho
Minha casa cabe em um piscar de olhos.
Na ampulheta das minhas dúvidas...
Esta tarde, engasgada...
Pisoteia em crepúsculo minha alma
Quero calar mas a voz insiste...
E insiste em dizer nada...
Porque deserta a coragem de ser.
Nesta tarde que me espreita, a liberdade
Aprisionou-se sem saber porque.