O que restou
Foi um poema imaginado
Destroço inalcancável
Profundidade gris.
O que restou
Foi saudade do que nunca houve
Tristeza de cão que perde o dono
Embaçada janela do olhar.
O que restou
Foram as viúvas do terremoto
As mãos doentes pedindo pena
O corpo mutilado
A ira da gangrena.
O que restou
Nem a desesperança define
por não saber ser mais triste do que há.
Restou melancolia, inquietude,
angústia, falta de ar.
Alguém venha de algum lugar
Recolher o que aqui restou
Deixo para trás o meu silêncio
não existo e nem mais sou.
alexandre gazineo
Enviado por alexandre gazineo em 18/01/2010
Alterado em 14/01/2011