Anseio tanto pelo som, doce timbre
Da voz que ecoa em ondas vagas
Alma exata do amor que me alimenta.
Neste silêncio de praia deserta
Solitariamente entregue ao mar que quebra
Na praia do amanhã sem som...
Lamento tanto a melancolia estilhaçada
A aspereza do toque, a indefinição da mão
Que já nada mais enlaça, trêmula e sem razão
Estou então surdo, ou será meu coração?
Queria tanto, de novo, escutar meu amor
Que pulsava nas veias do meu espírito
Rubro sangue que oxigena o que sou.
Que remédio cessará esta hemorragia
Sangrar sem conta do corpo que definha?
De que valem os infindáveis reinos
Quando a majestade perdeu sua rainha?
Anseio tanto pelo som, voz maviosa
Que migrou para região mais temperada
Passáro que sabe a hora aprazada
De fugir do frio, em sábia revoada.
Nem que meu grito vare montanhas,
Desbrave cordilheiras na distância
Será certo reencontrar alegria tamanha
Agora miragem como a tenra infãncia.
Queria muito, de novo, novamente
Escutar em mim o amor falar
Pois, quem sabe, seja em mim que o silêncio more
Roubando a voz que ensina amar.