Não cabe nos relógios, não se adivinha nos céus,
este crepúsculo que orna o horizonte de púrpura,
neste mundo órfão de reinados e nobreza,
nesta monotonia de acenos e incertezas.
Crepúsculo, noite, inação...
a pálida face da mulher amada dizendo adeus...
a manhã seguinte, prenúncio do nada,
dias acumulados na íntima poeira dos capachos.
Vago pelo crepúsculo, em todos eles caço
a fera eterna com quem vivo em comunhão.
Não porto armas, meu destino é incerto,
trago vazio o peito e as mãos.
E assim tento ser inocente
ser menos eu, menos doente...
sob o pálio do crepúsculo, busco
a alma primeira e incandescente.