A aldeia de Shivah acordou alegre.
Naquele dia chegaria a comitiva do rei Uruk que desde os primeiros dias do verão, percorria o reino levando a pomba mágica. Era uma velha tradição; desde tempos imemoriais, nos meses de calor, uma pomba mágica, criada pelos deuses para este fim, era solta pelo rei. Se a ave pousasse em uma árvore ou prédio da aldeia, vila ou cidade e lá ficasse aquele se tornava um local abençoado e presentes eram dados pelo rei ao povo do lugar.
O povo de Shivah esperava. Aquela seria a última aldeia. E a pomba, até então, não pousara em lugar algum; só voara e retornara indiferente à sua gaiola de ouro.
Na praça da aldeia, a pomba foi solta. O povo inteiro olhou o céu, ansioso. A pomba voejou para leste, depois oeste, depois norte e, por fim, quando ia pousar no telhado do mercado, uma pedra a atingiu em pleno vôo e a ave tombou, morta.
Um garoto segurava vitorioso um bodoque nas mãos. Sob o silêncio que o cercou, proclamou, erguendo os braços:
‘Eu matei! Com uma pedrada só!’
E por muitos anos, depois que a tradição foi esquecida, celebrava-se o dia de Aswir – o nome do menino do bodoque – que libertou o império de uma maldita pomba estúpida.
alexandre gazineo
Enviado por alexandre gazineo em 07/08/2008
Alterado em 08/06/2012