Meu Diário
28/01/2010 11h13
ADEUS PERNELL ROBERTS
Os nostálgicos que gostam de navegar pela Internet em busca das boas e reconfortantes memórias da infância, sabem que existe um número imenso de sites destinados à resgatar os bons momentos do cinema e da TV de antigamente, com destaque para as séries e desenhos animados dos anos 60 e 70.
Uma das produções mais representativas da TV nos anos 60 - e considerada uma das séries mais famosas de todos os tempos - foi 'BONANZA', seriado de faroeste que narra as aventuras da família Cartwright, ricos fazendeiros donos da fazenda 'Ponderosa' às voltas com bandidos, ladrões de gado, pistoleiros e muitos mais.
'BONANZA' é um exemplo de longevidade na telinha. A série iniciou-se em 1959 e durou até 1973. Foram 14 temporadas de sucesso, nas quais o pai Ben Cartwright (vivido pelo veterano Lorne Greene) e seus filhos Hoss (Dan Blocker), Little Joe (Michael Landon) e Adam (Pernell Roberts) mandavam ver no Velho Oeste.
Lamentavelmente, Pernell Roberts, que deu vida a Adam Cartwright, o mais elegante e sedutor dos filhos do velho Ben - e também bom com as armas - faleceu vítima de cancêr em 24 de janeiro de 2010, em sua residência em Malibu, Califórnia.
Pernell Roberts era o último ator ainda vivo de Bonanza. Com sua morte , finda a mítica família Cartwright que tanta alegria trouxe aos telespectores de todo o mundo.
Pernell Roberts nasceu em 18 de maio de 1928 na cidade de Waycross, Estado da Geórgia, nos Estados Unidos. Sua carreira iniciou-se no começo dos anos 50 quando atuou em peças de teatro produzidas em Washigton D.C. pelo Arena Stage Company.  Nesta fase,Roberts participou de espetáculos como A Importância de Ser Honesto ( The Importance of Being Earnest) de Oscar Wilde e de O Zoológico de Vidro (The Glass Menagerie) de Tennessee Williams.
Em 1955 ele estreou na Broadway com a peça Esta Noite em Samarkand (Tonight in Samarkand). Roberts permaneceu na Broadway até 1957, somente retornando em 1972 quando atuou ao lado de Ingrid Bergman em A Conversão do Capitão Brassbound( Captain Brassbound's Conversion) de George Bernard Shaw, vivendo o papel título.
Roberts estreou na TV em 1958 em um episódio do seriado Whirlybirds. No mesmo ano, atuou em The Sheepman um faroeste dirigido por George Sherman e estrelado por Glenn Ford e em 1959 atuou sob a batuta do celébre diretor Budd Boetticher em Ride Lonesome, onde foi coadjuvante de Randolph Scott.
Roberts atuou em BONANZA, seu trabalho mais famoso, de 1959, ano de estréia da série, até 1965, quando, segundo consta, descontente com os roteiros e a direção da série, ele deixou o seriado. Sua saída causou decepção entre os fãs, mas a série continuou, tendo sido encontrada uma 'desculpa' para o desaparecimento de Adam: ele teria se mudado para a Australia!
Segundo algumas fontes, não foi apenas por questões técnicas que Roberts teria deixado a série. Ele sempre foi um ativista atuante no campo dos direitos civis, matéria em alta discussão nos USA nos anos 60, ao lado de artistas como Joan Baez e Harry Belafonte. Roberts considerava 'BONANZA' um seriado racista e reacionário, o que o levou a abandoná-lo.
Qualquer que tenha sido a razão da sua saída voluntária do seriado, a carreira de Roberts não mais atingiu o ápice como nos tempos de 'BONANZA'. Ele passou o resto dos anos 60 e 70 fazendo aparições especiais em séries de TV, como Big Valley (também um faroeste!), Havaí 5-0 e Missão Impossível. 
Somente em 1979, Roberts volta a estrelar uma série. Foi Trapper John, M.D., no qual ele vive o papel título, o de um médico cirurgião chefe do San Francisco Memorial Hospital. A série fez relativo sucesso e teve 7 temporadas, findando em 1986.
Desade então, Roberts atuou em pequenos papéis em produções para a TV, aposentando-se definitivamente em 1990, quando fez seu último filme sob o título Donor.
Sua morte fecha ainda mais a cortina sobre os atores que marcaram a infância dos hoje já quase cinquentões.
Que Roberts cavalgue feliz pelos infindáveis campos da bela Fazenda Ponderosa!  
 

Publicado por alexandre gazineo em 28/01/2010 às 11h13
 
16/11/2009 10h40
O LADRÃO NO ARMÁRIO

O livro 'O Ladrão no Armário' do escritor norte-americano Lawrence Block, um dos mais destacados representes da chamada 'literatura noir' atual, apresenta, logo de saída, um tratamento um tanto quanto avesso aos cânones do gênero, na medida em que seu herói - ou melhor seria dizer 'anti-herói'? - não é um policial durão ou um detetive particular que, embora dê socos e pontapés fora de órbita, transitam na esfera da lei. Não. Aqui o seu protagonista - que teve aventuras continuadas em outros títulos de Block - é um ladrão chamado Bernie Rhodenbar, o terror das residências e dos bairros chiques de New York.
Escrito no início dos anos 70, o livro mostra a clara influência sofrida por Block, no estilo narrativo, descrição de ambientes e caracterização dos personagens, do notável Raymond Chandler. Até aí tudo bem, porque é difícil não encontrar, neste gênero, quem, aqui e ali, não reviva, direta ou de modo mais discreto, a influência deixada por um dos criadores do gênero 'noir'. Block parece não se preocupar com isto, no que faz bem, já que a saudável influência não prejudica em nada o seu livro.
Em 'O Ladrão no Armário', Bernie entra em um apartamento para roubar as jóias de uma mulher recém separada e, surpreendido pela chegada inesperada da vítima, tranca-se em um armário, esperando uma chance para escapar. Neste ínterim, a mulher é assassinada por um misterioso visitante e Bernie se vê envolvido em um redemoinho de suspeitas, perseguições e mortes.
Conquanto inventiva a premissa da estória - que chegou mesmo a ser 'plagiada' no livro 'Absolute Power', de David Baldacci, que virou filme dirigido por Clint Eastwood em 1997 - o livro tem um defeito que me parece evidente demais para relevar. Este defeito é, justamente, o modo como Bernie decide começar sua investigação em busca do criminoso. Convenhamos que sair bebendo a esmo pelos bares de New York sem um objetivo definido, não parece a melhor estratégia para se perseguir um assassino. Encontrá-lo através deste meio - como consegue Bernie - aumenta ainda mais a sensação de inverosimilhança.
Mas o livro flui com habilidade e a solução do caso - apesar da observação acima - resulta satisfatória. Uma leitura que pode ser uma boa introdução para aqueles que nunca leram Block, um autor que influenciou muito a geração 'noir' a partir dos anos oitenta com obras como 'O Pecado dos Nossos Pais' e 'Uma Longa Fila de Homens Mortos'.

Cotação: * * * 

Publicado por alexandre gazineo em 16/11/2009 às 10h40
 
02/10/2009 13h23
BECO DO CRIME NA BIENAL DO RIO - 2009

Por volta do ano de 2007, apareceu na Internet um cara chamado Andre (assim mesmo, sem acento!) Esteves com uma idéia na cabeça e uma disposição imensa de mostrar que é possível produzir-se literatura de entretenimento no Brasil com qualidade literária. Ele estava e continua certo. Afinal, não é são apenas os EUA , Inglaterra e França que podem ter o privilégio de contar com autores como Raymond Chandler, Agatha Christie, P. D. James e Georges Simenon.

Nasceu o site Beco do Crime e aos poucos, com colaboração de autores de todo o país, a sementinha cresceu e resultou em um dia de muita alegria e felicidade para todos os que acreditaram no projeto. O lançamento no dia 19/09/2009 do livro 'ANTOLOGIA BECO DO CRIME' em plena Bienal do Livro do Rio de Janeiro.

O livro reúne contos selecionados dos melhores autores do 'site' (amigavelmente apelidados de Bequistas) e retratam o que há de mais criativo e sério feito no Brasil com relação à literatura policial e de suspense.

O livro - cuja capa ilusta este registro - já se encontra a venda no atual 'site' do Beco do Crime - www.esquinadoescritor.com.br - e também na Livraria Cultura - www.livrariacultura.com.br

Para aqueles que visitam meu blog e gostam do meu trabalho, quero dizer que também estou lá - e com muita honra - nesta Antologia com o conto 'Até Logo, Até Breve' mais uma aventura do Inspetor Gomes.

Contamos com a sua força.
 


Publicado por alexandre gazineo em 02/10/2009 às 13h23
 
03/10/2008 13h02
CONHEÇA MONTEVIDEO

Inspirado pelo jogo de Futsal da República Tcheca com o Uruguai no Campeonato Mundial de Futsal, decidi escrever algumas linhas sobre Montevideo, esta esquecida cidade sul-americana tão perto de nós.

Gosto de Montevideo. Identifico nela um clima estranho, nostálgico e poético, em suas ruas, avenidas e parques cercados de prédios antigos, marcadamente em arquitetura art-nouveau do início do século XX, do qual o melhor exemplo é o Palácio Salvo, na Plaza de La independencia

Não espere encontrar em Montevideo o clima frenético de cidades como Buenos Aires ou São Paulo. Não, ali o tempo parece transcorrer de forma diferente, onde você tem a impressão de poder tocar o passado e deixar de fora a correria e porque não mesmo dizer, o fausto, por vezes excessivo, de cidades economicamente mais pujantes.

Mas Montevideo tem charme. Ao menos assim penso. Vale a pena - e como - ir ao Mercado Del Puerto, verdadeiro templo gastronômico, e nos balcões dos muitos quiosques e restaurantes, tomar uma dose de Roldós, uma espécie de licor, de receita exclusivamente uruguaia, e simplesmente delicioso. mas para tomar o bom Roldó vá exclusivamente à Casa Roldós, porque existem imitações não tão boas.

 Lugar alegre e multi colorido, lá você pode optar opor excelentes pratos de frutos de mar ou uma maravilhosa parrilada, devidamente acompanhado pelas deliciosas e geladas cervejas uruguaias (todas são ótimas, tanto a Patrícia, como a Pilsen e a Norteña, embora eu prefira a primeira). Para frutos do mar, o mais indicado é o restaurante El Palenque, que tem mesas na varanda externa do Mercado

Andar de carro pelas Ramblas, avenidas largas ao longo do Rio da Prata que, aqui, parece o mar. Perto das Ramblas, fica o Shopping Punta Carretas, ótima opção de compra, principalmente para os homens, que lá podem encontrar ternos de grife (Christian Dior e outros) por, no mínimo, metade do preço praticado no Brasil.

Não deixe de visitar o Teatro Solis que é muito bonito e tem sempre um bom espetáculo em cartaz por preços bem acessíveis. Dê uma caminhada pela Avenida 18 de Julio, artéria principal da cidade, cheia de movimento, lojas, cafés e boas livrarias. Aliás, por falar em livrarias, caso você tenha facilidade em ler em espanhol, peça um livro do autor Juan Carlos Onetti, uruguaio e um dos mais importantes autores latino-americanos de todos os tempos. Dele recomendo o romance El Astillero.

Melhor ficar em um hotel no centro antigo. As opções são variadas, desde o mais caro, que é o Radisson, até opções medianas, como o Holliday Inn e o Hotel Europa. Ainda no centro, na Calle Colonia, proxíma ao Hotel Holliday Inn, visite uma octogenária confeitaria chamada Oro Del Rhin, com bons cafés e doces (indico o nosso 'sonho' que é delicioso). 

Recentemente, Montevideo, no trecho chamado de Ciudad Vieja (foto acima) foi cenário do filme Ensaio da Cegueira, dirigido pelo brasileiro Fernando Meirelles, baseado no romance de José Saramago.

Este é um resumo de Montevideo e um convite a quem o ler para ir até lá. No mais, como diria Caetano Veloso, lá estão 'as ramblas do planeta". 

Boa viagem!


Publicado por alexandre gazineo em 03/10/2008 às 13h02
 
30/09/2008 16h27
ADEUS A PAUL NEWMAN


Morreu esta semana o ator norte-americano Paul Newman, aos 83 anos de idade, vítima de um câncer no pulmão. Newman é um dos mais importantes atores do cinema americano na segunda metade do século passado, tendo se caracterizado, principalmente, pela sua grande versatilidade.

Newman atuou em filmes dos mais diversos gêneros, como policiais, faroestes, dramas e comédias. Foi indicado 10 vezes ao Oscar de Melhor Ator, tendo ganhado 02 (dois) Oscars, o primeiro deles o Oscar Honorário em reconhecimento aos relevantes serviços prestados ao cinema e o segundo  em 1987 pelo filme A Cor do Dinheiro (The Color of Money) onde contracenou com um jovem ator chamado Tom Cruise.
 
Newman também foi diretor. Estreou atrás das câmaras em 1968, dirigindo a sua esposa, a atriz Joanne Woodward no drama romãntico Rachel, Rachel, que não foi bem recebido pela crítica. Seu melhor trabalho como diretor foi o filme À Margem da Vida (The Glass Menagerie) de 1987, também com Joanne Woodward e John Malkovich, em uma sensível e acurada adaptação para o cinema da clássica peça de Tenessee Williams.

Newman deixa uma filmografia de mais de oitenta filmes. Pessoalmente, de todos os seus filmes que tive a oportunidade de assistir, destaco e recomendo:
 
Rebeldia Indomável (Cool Hand Luke), de Stuart Rosemberg, onde Newman vive um presidiário. Este filme tem uma cena antológica em que Newman, para vencer uma aposta feita com um outro preso, come, ininterruptamente, 50 ovos cozidos!

Butch Cassidy and Sundance Kid, de Walter Hill, interessante faroeste, narrado em um ritmo inovador e com certo toque de romantismo. Newman faz uma parceria perfeita com Robert Redford.

O Veredito (The Verdict) de Sidney Lumet,um dos mais pungentes filmes de tribunal já feitos no qual Newman, em uma devastadora performance, dita o ritmo do filme e da própria evolução do seu personagem, um advogado fracassado, que encontra, em um caso de erro médico, a chance de encontrar a sua redenção pessoal. 

Fica a saudade de Newman e o grande vazio que sua partida deixa no cenário do cada vez mais desolador cinema moderno.

Publicado por alexandre gazineo em 30/09/2008 às 16h27



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