Meu Diário
09/05/2013 10h29
O Cúmulo da Rebeldia

Faz tempo ouvi uma anedota que dizia que o 'cúmulo da rebeldia' é o sujeito que mora sozinho e foge de casa.

Por outro lado, Oscar Wilde escreveu que a rebeldia aos olhos de qualquer pessoa que tenha estudado um pouco de História, é a virtude original do ser humano.

 Aos cinquenta anos, as pessoas se tornam ainda mais conscienciosas de que a rebeldia não é ou não deve ser um tópico a ser pensado e nem muito menos falado. Senão, nós, os cinquentões, ante qualquer rasgo de inquietude, corremos o risco de ouvirmos advertências que se expressam mais ou menos assim: que é isso, cara, você já passou da idade!

Pois eu não passei de idade nenhuma! Acredito que a única idade que eu terei será aquela na qual a morte me flagrará. Terei setenta ou setenta e cinco ou oitenta, a depender da hora. E só esta idade. Aquela que vai constar do meu atestado de óbito. No mais, tenho e terei todas as idades que desejar.

Ando com vontade de praticar umas rebeldias aqui e ali. fazer caretas, peidar nos elevadores, tocar Deep purple em alto volume madrugada à fora. Sou, na verdade, uma vergonha para Oscar Wilde. Minhas ambições de inconfidência são pueris e estúpidas.

Mas em minha defesa, digo o que o bardo inglês não podia prever: sou estúpido e patético porque todos os outros que me rodeiam também o são. Ou vai dizer que você  tambémnão está de saco cheio do seu trabalho, dos amigos (ou ao menos  de boa parte deles), dos parentes inconvenientes e sanguessugas? E o que dizer da religiosidade midiática, dos combatentes pela moralidade, das minorias exploradoras, dos mentirosos de plantão?

Portanto, como sou muito pequeno ou não sou nada, meu grito de rebeldia é proporcionalmente equivalente à minha condição.

Assim, preparem-se que da proxíma vez vou acender um cigarro em ambiente fechado, dar um sonoro arroto depois de almoçar, queimar meia dúzia de clássicos da literatura universal (Código da Vinci, Crepúsculo etc) e, enfim, embarcar para bem longe - Itália, me agrada, devo dizer - e mudar de nome e sobrenome... até a morte chegar.

Porque aí, como dizia Niemayer,  fudeu...   

 


Publicado por alexandre gazineo em 09/05/2013 às 10h29